Se a mineração a céu aberto que a DGEG e diversas empresas mineiras têm, ao longo da última década e meia, procurado implementar na região denominada  «Montemor-o-Novo» algum dia fosse posta em prática, um dos inúmeros riscos ambientais seria sem dúvida a gestão das imensas escombreiras que seriam deixadas nos locais da exploração mineira. A lixiviação dos escombros tornar-se-ia, rapidamente, uma dor de cabeça para as comunidades vizinhas. O problema ambiental da drenagem ácida da mina, associado à lixiviação de metais como o arsénio, não teria solução simples nem barata. Estima-se que a drenagem ácida dure toda a vida das escombreiras – que mais não são do que montanhas de fragmentos de rocha poluentes.

A escombreira da mina de ouro de Jales, no distrito de Vila Real, foi alvo, no início deste século, do primeiro projecto de recuperação ambiental de áreas mineiras, implementado em Portugal. A dispersão de materiais e a instabilidade da escombreira eram os seus dois maiores problemas ambientais. Quando a mina encerrou e a empresa mineira abandonou o local, começaram os ravinamentos, provocados pela circulação descontrolada de águas à superfície, as quais contaminaram o rio Tinhela, bem como terrenos agrícolas vizinhos. Drenagens ácidas a partir da galeria da mina acabaram também por contaminar o mesmo rio e uma outra ribeira. A dispersão de materiais finos através do vento foi outro dos problemas sentidos na região (poluição eólica). Por água ou pelo ar, inúmeros contaminantes acabaram por alcançar áreas a distâncias consideráveis da escombreira.

Dados estes impactes, aos quais há ainda a acrescentar o tremendo impacte visual da escombreira, o governo português foi forçado a financiar um dispendioso projecto destinado à recuperação ambiental da escombreira e outro ao tratamento dos efluentes resultantes da circulação de águas subterrâneas da mina (que apresentavam PH muito ácido e elevado teor de metais tóxicos). Este projecto visou a minimização, e não a (impossível) erradicação, de impactes. Cerca de seis milhões de euros foi quanto os contribuintes tiveram de desembolsar, sem com isso terem conseguido resolver de vez a causa dos referidos problemas ambientais, a qual permanecerá para as gerações vindouras que terão de monitorizar, conservar e reparar todas as estruturas construídas no âmbito do projecto de recuperação. Não sabemos para onde foi o ouro de Jales. Mas sabemos o que ficou do buraco que aí foi aberto.

Para que o desastre de Jales não seja replicado em mais nenhum lugar, envolva-se nesta luta e participe na consulta pública!