Não é a primeira vez que nos vemos confrontados com tentativas de exploração de ouro no Alentejo. Como em situações anteriores, importa desmascarar os argumentos que associam ouro a riqueza para o Estado, e exploração mineira a desenvolvimento regional. Perante a influência dos defensores deste tipo de violação do espaço de todos nós, temos de reunir os elementos de prova em como se trata de duas grandes mentiras, que vão sair caríssimas ao futuro do país. E mobilizar a população para dar resposta a mais esta investida dos vendedores de ilusões ao serviço de especuladores internacionais.

Como em todos os atentados ambientais, não estão apenas em causa prejuízos para a reduzida faixa desta prospeção. Este é o tipo de decisão governamental que mete as gerações futuras de todo o país em despesas, para o controlo de danos que se eternizarão. Sem falar de que não há um preço aceitável para a perda da biodiversidade!

Intervenções deste quilate, com impactes que se arrastam por centenas de anos, devem ser objeto de aprovação no Parlamento, com base num estudo de viabilidade económica que contemple os custos ambientais, sociais e patrimoniais.

Aquando da apresentação do projeto da Colt Resources, em 2013, o Governo anunciou que ficaríamos todos ricos – com 4 (quatro) % do ouro recolhido! Para lá desse valor, já em si ridículo, nunca alguém apresentou ao público o verdadeiro balanço desta quimera do ouro. Ficam-se por um cenário só feito de lucros. E foi a própria empresa, em reunião pública, que aconselhou o Estado a guardar o dinheiro que esperava recolher desta concessão, para efetuar a contenção dos danos depois do encerramento da exploração. Que belo negócio!

Quis o destino que os mercados bolsistas deixassem bem claro aos olhos dos mais crédulos a qualidade dos investimentos numa exploração mineira, antes de começar a destruição. Assim que o preço do ouro caiu, em 2013, todos os contratados foram postos na rua, sem aviso prévio, nem indemnizações, nem direito a ingresso no Fundo de Desemprego. Alguns por uma questão de dias, tal o amor aos “postos de trabalho”… Os fornecimentos que tanto iam dinamizar a economia local e regional, foram igualmente cancelados de repente. Não ficaram dúvidas – só dívidas – sobre a ilusão que insistem em atirar-nos à cara.

Neste momento, o pedido é para uma licença de pesquisa e prospeção e vai haver quem insinue que a investigação não implica que venha a haver exploração. Ora, não se tratando de uma fundação científica nem de uma instituição de benemerência, a intenção desta minúscula empresa é obviamente vender a informação recolhida a uma multinacional especializada em rebentar montanhas. Que só lha comprará se tiver garantida a exploração.

Este é o momento de mostrar a nossa recusa. É bom poder contar consigo!